18 de janeiro de 2011

Estudantes do Rio de Janeiro em solidariedade às vítimas da chuva.

NOTA DA ANEL

Chega de mortes! Exigimos medidas dos governos já!


Em abril do ano passado diversos estudantes se reuniram na 2ª Assembléia Estadual da ANEL, realizada no campus da Praia Vermelha da UFRJ. Tínhamos acabado de presenciar uma enorme tragédia na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói, onde uma forte chuva e enchente haviam destruído lares, provocado desabamentos, matado mais de 300 homens, mulheres e crianças e deixado desabrigados mais de 70.000. Todas as semelhanças com o que vivemos atualmente em nosso Estado, na região Serrana, não são meras coincidências.

Foram cenas chocantes que rodaram o mundo de mortes, a correnteza da água invadindo casas, morros desabando, prédios, casas e escolas indo abaixo. A famosa Praça do Suspiro, local turístico de Nova Friburgo, se transformou num mar de lama. Já são mais de 600 mortes, até onde se pode calcular. Vidas que não voltarão mais, que foram levadas junto com a forte tempestade.

O sentimento de dor e revolta que vem a todos os brasileiros ao presenciar cenas como essas nos fazem refletir se toda essa desgraça não poderia ter sido evitada. Pensar que estamos reféns dos desastres naturais é muito fácil para não enxergamos responsáveis por essa tragédia. A chuva foi muito forte, disso não há dúvidas. Mas o homem, ao longo da história com todo o avanço da ciência, já conseguiu prever enormes desastres naturais e construir edifícios que suportam furacões e terremotos. Por que então não conseguimos evitar todas essas nefastas conseqüências?

Precisamos de investimento dos governos para evitar novas mortes!
Em abril do ano passado, após as discussões da II Assembléia Estadual-RJ, a ANEL lançou uma Campanha chamada “O Rio Por Água Abaixo – Uma saída social para os problemas do Rio de Janeiro”. Através dela, estudantes de todo o Estado organizaram em suas escolas e universidades arrecadação de doações de roupa e alimentos, além de materiais de divulgação e conscientização dos problemas que estavam por trás dessa tragédia. Dessa vez, não faremos diferente.
O governador do Estado, Sérgio Cabral, deu uma declaração se eximindo de culpa, dizendo que não era possível prever a força da chuva e tirando a responsabilidade dos governos. Além, mais uma vez, de culpar a população por morar nas encostas dos morros, como se tivessem muitas opções. Ora, mas se os governos não são os responsáveis, quem é? A própria população, trabalhadora, que recebe baixos salários e não tem moradias populares com a segurança necessária? Ou então a natureza, que não devia fazer chover com tanta força?

Apenas em 2010, 60% do orçamento estadual pra prevenção de enchentes simplesmente não foi usado. Fala-se muito dos investimentos que o Rio vai fazer ao sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo, mas não se ouve falar de uma política séria de prevenção dos acidentes naturais, saneamento básico, moradias populares, etc.

O problema é que depois de um desastre como esse, fica evidente que quem mais se prejudica é a população pobre, os trabalhadores, que não tem condições de ter moradias seguras. Um exemplo categórico disso é o da favela Campo Grande, em Teresópolis, onde centenas de pessoas foram mortas soterradas e logo em frente à favela está uma das mansões de luxo da família Marinho, donos da Rede Globo, que passou intacta ao temporal. Essa é a lógica de funcionamento da sociedade capitalista. Impõe uma enorme desigualdade entre os seres humanos que explica porque mesmo com um governo atrás do outro, com mais e mais promessas, não há mudança qualitativa na vida da população mais pobre, nos colocando reféns de situações como essa.

E agora, o que fazer? Devemos esperar um novo desastre, deixar que se percam mais vidas no futuro? Nós, da ANEL, faremos o que estiver ao nosso alcance para cobrar dos governos medidas concretas que evitem que tragédias como essa voltem a se repetir, além de prestar toda a solidariedade às vítimas.

Nesse sentido, exigimos dos governos municipais, estadual e federal um poderoso investimento para dar novas casas aos atingidos, com a construção de moradias populares que tenham toda a segurança necessária; um plano estadual de obras públicas de saneamento e escoamento de água e para prevenção e contenção de encostas; melhorias e barateamento no sistema de transportes públicos. Precisamos de uma verdadeira Reforma Urbana no Estado do Rio de Janeiro, e por isso toda a população deve estar unida cobrando dos nossos governantes, dando o valor merecido no suor da nossa luta à vida de cada trabalhador e trabalhadora que nos deixou depois dessa tragédia. A ANEL coloca sua força a serviço disso e convoca os estudantes livres de todo o país a se somarem nesta Campanha, prestando solidariedade e lutando por um Rio de Janeiro melhor.


Participe também da Campanha!
Para saber melhor como participar ativamente da Campanha, mande um email para anelrj@hotmail.com ou ligue para 99888085 (Júlio). Abaixo segue uma conta para efetuar depósitos e postos de coleta que estão recebendo doações.

Conta para depósito:
Banco do Brasil
Titular: Associação Coordenação Nacional de Lutas
Agência: 0249-6
Conta poupança: 38194-2
Variação: 91
Enviar cópia do comprovante do depósito para: cspconlutas-rj@cspconlutas.org.br

Postos de coleta no Rio de Janeiro:
Sede da CSP-Conlutas e ANEL-RJ - Rua Teotônio Regadas, 26, sala 602, Lapa, Rio, Rio de Janeiro – RJ
Sindsprev-RJ - Rua Joaquim Silva, 98-A, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Sepe-RJ - Rua Evaristo da Veiga, 55 – 8º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ

Nota da ANEL-RJ sobre o ENEM

Mais uma fase da tragédia do ENEM: acessar o site.


Presidente do INEP é exonerado.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim Soares Neto, foi exonerado hoje. O governo alega que o motivo são as falhas no acesso ao site do Sisu que vem dificultando em muito a vida dos vestibulandos. O governo deve muita explicação aos estudantes brasileiros. Primeiro, anunciou que esta forma de ingresso, o novo ENEM, era o fim do vestibular. Nada mais falso. Os vestibulando sabem que a lógica meritocrática e excludente segue a mesma, apenas com algumas mudanças residuais. Depois, o que prometia ser uma democratização do acesso a universidade se mostra cada vez mais como um tremendo fiasco do governo. Diante de sucessivos problemas técnicos na aplicação da prova, os estudantes brasileiros foram às ruas de todo o país exigir o fim do novo enem e uma verdadeira democratização da universidade com o livre acesso a universidade.

É possível o livre acesso à universidade?

Acessar a universidade não é nada fácil por conta da competição desenfreada que significa o vestibular. São muitos os jovens que sonham com o ingresso no ensino superior publico. Mas não há investimentos na educação suficientes para que todos os estudantes possam ingressar na universidade. O Brasil investe apenas 4,5% do PIB em educação. Sem falar nas metas do REUNI, que além de demorar 59 anos para que 30% dos jovens acessem a unviersidade, geram mais problemas, como: faltas de verbas, problemas de infra-estrutura e tudo mais. Não precisa ser assim! É possível que todos os jovens brasileiro tenham uma vaga assegurada na universidade, mas para isso precisamos de verbas para expandi-la. Nós queremos que os estudantes entrem em uma universidade de qualidade e para isso nada mais justo do que 10% do PIB para a educação e o fim das metas do REUNI.

As causas da exoneração.

Opinamos que, na verdade, há um acúmulo de motivos para esta exoneração. Lembremos que nos últimos dois vestibulares houve falhas na prova do ENEM. E os estudantes, mesmo com a UNE em silêncio apoiando o governo, foram as ruas exigir seus direitos e denunciar os problemas da educação brasileira.Inclusive, assistimos ao pedido de desculpas estaparfúdias do ministro da educação Fernando Haddad. E, hoje, novos problemas surgem e os antigos se mantém. O governo, diante dos protestos e tudo mais, foi obrigado a tomar alguma medida. Tal medida foi a exoneração do presidente do INEP. Mas para nós, tal medida, está longe de resolver nossos problemas. Queremos o fim do novo enem, o livre acesso a universidade e um ensino publico de qualidade para todos.

Além disso, Dilma já mostra as suas intenções e não gostaria de ver os estudantes indo a luta neste momento. Vejamos: são cortes no orçamento que seguramente atingirão as áreas sociais, um aumento escandaloso para os parlamentares(62%), para ela própria(133%), mas para os trabalhadores míseros (5%) e uma situação na europa que lhe abre os olhos. Os estudantes europeus saíram as ruas para derrotar os ataques de seus governos e da união europeia que visava, justamente, cortes nas áreas sociais, privatização das universidades e diminuição dos salários. Na inglaterra, os estudantes invadiram a sede do partido conservador inglês pois o preço das universidades "públicas", que há 10 anos atrás eram gratuitas, já estão na casa das 18 mil libras por ano. Além disso, os estudantes franceses tiveram participação central na greve geral que tomou conta da França e abalou as bases do governo Sarkozy. Na Itália não foi diferente, e novamente, a juventude junto com os trabalhadores colocaram em cheque o destemperado Berlusconi.

Aqui no Brasil, estaremos juntos com a CSP-Conlutas e demais entidades dos trabalhadores lutando contra os ataques do governo que signifiquem uma diminuição de nossos direitos. Convidamos a todos os estudantes para se somarem a essa luta conosco participando do 1º Congresso da ANEL em junho. Só assim, de forma independente desses governos poderemos conquistar as mudanças que tanto precisamos.